segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Rebuliço


Na avidez, na afobação,
a impossibilidade de conhecer os detalhes.

A correria não sabe onde residem as sutilezas.

Ao leitor afoito,
uma dificuldade de interpretar entrelinhas.

Através do giro acelerado do relógio,
o ofuscamento dos sentidos.

Sinestesias acobertadas.

Na alimentação,
a voracidade,
que compromete a degustação.

Sabores, temperos, especiarias:
apreciação comprometida.

Diante das avaliações,
a afoiteza gera vereditos superficiais,
na maioria injustos.

Nos diálogos,
a impaciência para ouvir,
e de tentar entender o outro.

Ao viajar,
o afã de somente chegar.
A irrelevância com a trajetória,
e somente com o destino.

Pra que tudo isso?

sábado, 25 de agosto de 2018

Infortúnios

Pelos arredores,
embaraços, 
resistências, 
vicissitudes.

Dificuldades de leitura e tradução do texto da vida,
camuflado nas entrelinhas.

Limitações humanas na tomada de decisões.

No cotidiano,
a necessidade de reger a orquestra da vida,
fadada a músicos e instrumentos dissonantes.

Pelos meandros dos acontecimentos,
a demanda por trajetos contra a correnteza.

E uma necessidade contínua de aprimoramento de habilidades subjetivas.

No coração,
a busca contínua pelo equilíbrio,
e a coragem de sempre prosseguir,
neste universo de incertezas e instabilidades.

Entre rabiscos e anotações


Muitas vezes, a matéria prima para a escrita são os acontecimentos da vida.

Fatos e pensamentos que nos acompanham ao longo do cotidiano.

Sentimentos, relatos, angústias, alegrias, surpresas:
uma plena convergência de fatores,
capazes de se misturarem.

Alojam-se na mente e,
aos poucos,
vão se externando pelos manuscritos,
sobretudo naqueles que se envolvem com as palavras.

Na tentativa de buscar um nexo entre fatos,
a possibilidade de mesclar letras com pensamentos.

Aspira-se pelo preenchimento de vazios,
neste contínuo exercício de divagação de ideias.

No emaranhado de conjecturas e interpretações multifacetadas,
a descoberta,
muitas vezes surpreendente e inesperada,
de pontes ao longo da vida.
Elos, conexões...
Uma junção capaz de dar sentido a pensamentos que,
a princípio,
denotavam completa divergência entre si.

Caminho das palavras...

No labirinto de aliterações e fonéticas,
refinamentos vão delineando uma semântica,
criando algo que dê coerência a quem escreve.

Rabiscos, anotações...
Versos chegam e,
de repente,
muitos deles precisam desaparecer,
posto que perdem sentido na obra inacabada,
e que está vulnerável a constantes lapidações.

Na prática deste ofício,
a possibilidade de diálogos consigo mesmo.
Um pleno exercício de liberdade,
num universo cujos protagonistas são vogais e consoantes.

E pelos rascunhos, citações, aforismos, 
uma uma certeza: a de que não se caminha só.

Caminhada

Busca por Deus, através da Eucaristia. Na procura incessante pelo sagrado,  existe um coração, exposto de misérias humanas, fadado às quedas...