terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Rotinas

Trabalho manual:
artesanato,
culinária,
jardinagem...


Exercícios continuados,

convertidos numa
atividade terapêutica.


Podas,
fatiadas,
recortes,
aquecimento,
limpeza...


No sequenciamento de tarefas,
uma dispersão natural,
desvio de atenção ao rotineiro,
trazendo à mente espaço para reflexão.


Concomitante às atividades físicas e/ou braçais,
os pensamentos sobre a vida,
fatos que norteiam,
pendências sem respostas...

Problemas emudecidos começam falar,
sinalizando-se por ecos,
outrora silenciosos.

E no cansaço físico, o descanso da mente.

Paradoxo do movimento que faz bem.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Beija flor

Peço ao beija flor,
que entre pelo sertão...

Que com as gotas do orvalho,
renovação de cada aurora,
leve meu manifesto da saudade.

Sentimento enorme,
intensificado pela distância,
materializado em clamor.

Afeição que derrama lágrimas,
capaz de salgar o meu sorriso.

Voe logo ao destino,
são muitas serras e vertentes até lá.

A varanda da casa velha há de te acolher.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Verdades

Verdades...

Explicações, fundamentos estruturados, fluxo lógico de palavras...

A arte da persuasão tem mecanismos dos mais variados para, literalmente, convencer as pessoas.

Figuras de linguagem: comparações, alegorias, metáforas, anacolutos...

Recursos linguísticos e afins...

Focados num objetivo, o jogo de ideias pode tomar nuances das mais variadas.

Conhecimento do assunto, do destinatário, de articulações: nestes residem os elementos técnicos.

Ao comunicador, o papel de um regente das palavras, cadenciando todos os componentes, e de uma forma bem estruturada.

Criar conceitos e factoides não é tão simples, sobretudo se a intenção for produzir raízes, sementes...

E nesta dinâmica, muitas vezes as mentiras se dirigem ao interlocutor ultrajadas de meias verdades, inebriadas de sentimentalismos...

No destinatário, possibilidades variadas: sentir-se convencido já de imediato, desconfiar ou mesmo não crer em nada...

Seu convencimento pode encontrar resistências nas ideologias. E esta pode estar condicionada por fatores como: nível intelectual, conveniência, interesses próprios.

A todo o momento, estamos inebriados de informações...

Onde estará a verdade que nos é passada?

Que credibilidade devemos dar ao que ouvimos e lemos?

Neste universo de articulações e sutilezas da comunicação, escritores/políticos/charlatões têm muito mais conhecimento de nós do que se possa imaginar.

Neurolinguística, psicologia social, filosofia: valem-se de tudo.

A verdade, hoje, está muito nebulosa e encapsulada de interesses.

Cada vez mais está difícil escutar os ecos da entrelinhas.

A essência ficou praticamente emudecida e invisível, já que uma grande máscara a reveste.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Instabilidade

Viver por um fio...

Por muitas vezes, a sensação de que o coração e os fatos nos dão são essas.

Sentimento de trafegar na fronteira de dois mundos.

Oscilações, intermitentes...

Equilíbrio instável, num cenário de acontecimentos que, continuamente, trazem-nos novas interpretações.

Previsões, esperanças, devaneios, conjecturas...

Confluência de pensamentos conscientes, inconscientes, sonhos...

A vivência de muitos fatos, num curto espaço de tempo, faz-nos precipitar conclusões futuras.

E no cotidiano, muitas vezes a vida para, inclusive, mediante estas previsões.

Vive-se uma sensação tensa: a de que, baseados nos sinais do tempo, os elementos determinantes para os fatos se concretização.

Cria-se uma certeza, baseada em algo que é incerto, bem como limitado a nossa condição humana, que é a ciência do minuto seguinte.

E nesta confusão das ideias, misturada com um turbilhão de instabilidades, no qual estejamos inseridos puramente no presente, faz-nos esquecer que vida não está assim só agora.

O viver não está assim agora. Ele é assim.

Suposições associadas a desfechos que insinuam se consumar nos próximos dias podem se arrastar por anos.

Iminências...

Sinais são somente conjecturas.

Por mais que fatores externos denotem algo, o futuro é e será sempre incerto.

Tempo: ingrediente emaranhado de mistério e componente da vida.

Manuscritos

Necessidade de se comunicar…

Contextos dos mais variados…

Exigência de flexibilidade e sutileza na hora de escrever, sobretudo para quem tem necessidade de se fazer entendido pelas letras.

Trabalho minucioso...

Garimpo e lápide das palavras certas.

Alegorias, figuras de estilo, simbolismos: tudo isso ajuda bastante.

Demandas adicionais à gramática.

A vírgula no lugar certo, o jogo das ideias…

Redundâncias propositais de certos termos, mas com apegos aos sinônimos: formas de ser enfático sem ser sintaticamente repetitivo.

Mesmo assim, comunicar é muito mais que isso.

Ainda que regência seja imprescindível, a regência mais importante é a da assertividade. É o se fazer entendido.

Prudência e cuidado: detalhes gramaticais, mesmo que rebuscados de formalidades e cultismos, podem se fazer desconexos em momentos em que se deve prezar pela simplicidade.

Para fazer-se compreendido, devemos ir além.

Saber mais sobre o contexto.

Com quem se está falando?

Quais são as necessidades do texto: simples, complexo, formal, irreverente, censura…

Saber o momento de voar: identificação do momento adequado para lançar palavras ao vento, filosofar…

Isso não é fácil.

O tempo todo devemos nos reinventar no esboço do texto, nesta arquitetura das letras.

A cada texto, novos ingredientes…

E liberdade para, inclusive, romper alguns padrões normativos, se a premissa da comunicação eficiente entre emissor e destinatário não estiver fluindo.

O ofício da escrita é assim.

Caminhada

Busca por Deus, através da Eucaristia. Na procura incessante pelo sagrado,  existe um coração, exposto de misérias humanas, fadado às quedas...