terça-feira, 13 de setembro de 2016

Padroeira

A data se aproxima.
O dia da Padroeira está chegando.
Hotéis e pousadas praticamente lotados.
Alguns cancelamentos de última hora são a esperança de muitos para conseguirem uma vaga e pernoitar na cidade sagrada.
Nas cidades vizinhas, o reflexo da superlotação, e a alternativa para quem não achou um local para ficar.
Para os comerciantes locais, a possibilidade de ganhos com a venda de artigos religiosos. Neste período, para muitos está uma oportunidade financeira, seja na hotelaria, seja no comércio e nos serviços.
Pelas ruas, um aglomerado de gente, causando em muitos casos, dificuldades de acesso aos pontos principais.
E o movimento não pára.
De todos os lados, gente chegando do Brasil ou mesmo do exterior.
Nas placas dos veículos, a identificação de que se veio de bem longe, dos mais variados estados.
Cada um com sua fé, com sua cruz, problemas, tribulações, dificuldades, promessas.
Muitos somente vêm para agradecer, sentindo-se gratos pelos milagres já alcançados, ao passo que outros, para reforçarem a devoção.
Excursões aos montes.
Em muitos casos, camisas confeccionadas especialmente para a data definem o grupo que chegou, sendo critério facilitador de procura de algum perdido no meio da multidão.
Dentre este universo de romeiros, situações das mais variadas.
Há muitos que estão ali pela simples ideia do passeio, pela curiosidade de conhecer o local, e neste caso, com a questão da religiosidade e espiritualidade em segundo ou terceiro planos.
Pela rodovia, gente chegando pelos mais diferentes meios: ônibus, caminhão, carro, carroça, moto, bicicleta, a pé...
No bolso, muitos levam somente a fé de dias melhores, já que as moedas foram suficientes somente para pagar a ida e a hospedagem precária.
Há outros ainda que paguem por meses as parcelas desta viagem.
Nas proximidades da Basílica, o olhar de admiração e encantamento para quem está chegando pela primeira vez.
Pela passarela, o ritual de cada um toca o ritmo variado e aleatório da Igreja Velha até o Santuário.
No movimento, alguns com dificuldades físicas extremas retiram do corpo o máximo das forças físicas para chegar até a imagem, ou mesmo cumprir alguma promessa feita. Em outros, ao longo do trajeto, a percepção que o grande esforço se converte em pequenos ferimentos.
Vale tudo, e a santa conhece as particularidades e histórias de cada filho que vem aos seus pés suplicar pelo seu olhar, sua proteção, suas graças. Não há espaço para julgar a atitude de cada um.
Em muitos rostos, a emoção a flor da pele. Na expressão corporal, a fala do coração dispensa palavras. Os olhos, em especial, já falam por si, com rios de lágrimas e emoções, misturados com cansaço, suor e  fé no meio da multidão.
Na sala dos milagres, a constatação de que são incontáveis as manifestações da mãezinha na vida dos que lhe são fiéis. E de quão sobrenaturais podem ser as suas intercessões por nós junto ao seu filho.
Ao longo do dia, padres celebram missas a cada hora. Só não assiste uma mesmo quem não fizer um mínimo esforço.
Dentro da igreja, as colunas enormes exaltam o segundo maior templo católico do mundo, só menor que a Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Sob a enorme estrutura, sustentada por gigantes colunas, um olhar paradoxal sobre a arquitetura remete à constatação do quanto somos pequenos diante do Pai. E nesta mesma alusão, quão grande pode ser a misericórdia do Supremo sobre nós.
Num canto especial da enorme Igreja, envolvida sobre o manto azul de rainha, cercada nos arredores por ouro, uma imagem que comove e encanta aos fiéis.
Eis a Padroeira, aquela que concebeu o filho do Deus.
A intercessora do primeiro milagre de Jesus, e de nossos pedidos junto ao Pai.
A santa que surge das águas, pela rede de pescadores.
A salvação e refúgio para os oprimidos.
O porto seguro dos náufragos.
Símbolo de fé e mistério...
Uma mulher que supera os fundamentos e comprovações da ciência.
Capaz de mudar os corações daqueles que passam defronte de si pela primeira vez, mesmo que curiosos, despretensiosos, ou céticos até então.
Numa pequena imagem, a tradução de todos nós.
Ela identifica não somente os negros, mas todas as raças e todas as cores.
É um modelo de comportamento humano a ser seguido, respeitado e glorificado.
Seu simples olhar é instrumento para dar nos paz de espírito, e forças para que continuemos nossa caminhada, neste mundo de incertezas e problemas por todos os lados.
(..)
A quem ainda não conheça, sugiro uma visita ao Santuário, seja na data festiva ou mesmo em qualquer dia do ano.
Com a santa não precisa de formalidades, horários.
Independente do dia, ela sempre estará de braços abertos para nos receber, e ouvir nosso coração.
Visite, e defronte teus olhos para a Virgem.
Aquela que pode mudar para sempre a sua vida.
É uma experiência muito pessoal , um extremo de piedade, que somente o coração de cada um poderá sentir e descrever.
Algo que vai além de todo sentimento mundano.
(...)
Nossa Senhora rogue por nós.

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Caminhada

Busca por Deus, através da Eucaristia. Na procura incessante pelo sagrado,  existe um coração, exposto de misérias humanas, fadado às quedas...