domingo, 30 de setembro de 2018

Notações do Tempo


Sob a copa da cerejeira,
no terno gesto de apreciação, 
desfolham-se pétalas.

Num curto intervalo de dias,
a sinalização do início da primavera.

Festival do Hanami...

Na queda,
uma simbologia,
muito além de um ciclo da natureza.

Sinais de quão breve é a vida,
quão únicos e passageiros são os momentos.

Ainda que flores exaltem sua beleza,
e mesmo que elas tenham se embebedado das gotas do orvalho,
elas se mostram não serem eternas.

Em cada uma,
das incontáveis pétalas que caem,
instantes de vida,
agrupados no magestoso tapete formado debaixo da copa,
sinalizam o tempo que se consome,
nas partículas que vão se levando.
É o fim de um ciclo.

Para as que não são infecundas,
o legado,
a continuidade.

É...
Os olhos veem a partida...
E nos ouvidos,
Sinestesicamente,
uma sensação sonora se traduz num réquiem,
no belo e final ciclo da sakura.

Em tudo isso,
reviravoltas e dinamicidade da vida.
Chegas e partidas rolando...
Concomitantemente... e no mesmo evento.

Simbologias da brevidade:
Depois de muito trabalho,
e após a colheita dos frutos,
preparamos a mesa, o banquete,
e,
de repente,
a vida nos leva antes da ceia.

Caminhada

Busca por Deus, através da Eucaristia. Na procura incessante pelo sagrado,  existe um coração, exposto de misérias humanas, fadado às quedas...