quarta-feira, 23 de maio de 2018

Nostalgia


No silêncio da noite,
após algum tempo da partida final...

A saudade continua bater no coração.

De forma desmedida,
pulsa aqui dentro um desejo de abraço.
Vontade de vê-lo,
tocá-lo.
Na realidade dos fatos,
a aspiração de algo humanamente impossível.

Sentimento convertido em dor física.
Lágrimas escorrem do coração,
salgando meus lábios,
e molhando minha face.

Lembranças...

Nos artifícios da memória,
somente a possibilidade do reavivamento de fatos vividos.

Cidades, ruas, prédios, cafés, igrejas, avenidas, pontes;
Passeios, caminhadas, visitas;
Canções;
Gestos, manias, cacoetes;
Histórias, contos;
Frases repetidas;
Roupas e acessórios próprios;
Despedidas de outrora: melosas, chorosas;
Ansiedades, aflições.

Telefonemas na calada da madrugada...

Por muito tempo,
esta chama de saudade vai percorrer nas minhas veias.

E ainda que passem os anos, este meu sangue vai pulsar por você.

Temporalidade

Tempo,
companheiro de toda a vida.

Aquele que nos traz pessoas,
com as quais relacionamos,
nos apegamos,
e que, 
de repente, 
nos tira quem amamos.

Tempo,
que muitas vezes finge ser lento, 
mas que, 
abruptamente,
leva de nós pessoas queridas, 
sem ao menos nos deixar dizer adeus.

Assim como o movimento das ondas,
o ciclo dos ponteiros cadencia o ritmo contínuo.

Tempo,
que nos leva tudo, 
e a cada segundo consome-nos com um grão de área da ampulheta
E que, 
ainda que de forma temporária,
deixa-nos a saudade.
Ingrediente que nos impulsa a viver,
de forma mais intensa,
os momentos: breves e passageiros.

Artifícios


No esgotamento dos grãos da ampulheta,
em circunstancias das mais variadas da vida,
naqueles em que já existam sinalizações do final,
o advento de alternativas mágicas.

Ações comuns,
vindas de pessoas,
sobretudo aquelas que não fizeram as coisas no seu devido tempo.
Tentativas desde as mais simples,
até as mais complexas emergem nestas pessoas.

Na hora do desespero,
o apelo para que saia,
literalmente,
um coelho da cartola.
No intuito de prover uma solução,
procedimentos além da realidade dos fatos:
No campo espiritual:
a manifestação disso na forma de simpatias, superstições, correntes...
Nas finanças:
apostas desmedidas, jogos de azar, financiamentos abusivos.
No trabalho:
horas extras, madrugadas, overdose de cafeína, energéticos...

Ainda que possam existir fatos advindos do acaso,
o fluxo normal da vida exige mesmo é planejamento,
trabalho,
economia,
acompanhamento contínuo dos fatos.

É recomendável sermos mais proativos que reativos.


segunda-feira, 21 de maio de 2018

Sossego

Aquele lugar...
Distante daqui,
onde o sossego não faz visita,
posto que é residente.
Capaz de fazer a vida renascer... 
Lugarejo em que a quietude encontrou abrigo,
e que o viajante,
depois de muito percorrer,
entre montanhas, vertentes e mares,
sentiu se plenamente acolhido.
Local que a alforria se manifesta,
defronte a imensidão do mar.
Por onde a liberdade se confunde,
no limite entre céu e oceano.
E no saveiro,
sempre convidativo a uma viagem ao mar,
a possibilidade para se abrir ao infinito,
sabendo-se que o coração sempre terá para onde voltar,
quando saudade sentir do porto seguro.
Lá se pode abstrair de si,
deixando-se levar pelo batido das ondas,
pelo infinito do mar.
Preocupações?
Só com as marés,
com o ruído das gaivotas,
com o sopro do vento,  carregado de vida.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Isabela

Ao final de mais um dia,
o reencontro com ela,
a minha Isabela,

Descendo escadas com sorriso,
vai deixando levemente,
sua escolinha,
a Paraíso.

No olhar irradiante,
um reencontro diário cativante.

Atento a seus gestos,
vejo a chegando,
com braços abertos.

No abraço singelo e sincero,
o conforto que tanto quero.

Misturado com alegria,
um coração pulsante,
que me inspira poesia.

Instantes sublimes,
celebrados para eternidade,
com a dádiva da paternidade.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

1 semana


Hoje se celebra o sétimo dia do falecimento de Mozart Carvalho.

Quis Deus,
que este sétimo dia de sua partida,
fosse celebrado nesta primeira sexta,
que é especial para a Igreja,
e para nosso ente querido,
devoto do Coração de Jesus.

Levou inclusive com ele,
e para a eternidade,
a Fita do Apostolado.

Durante anos,
este costume,
sagrado e especial,
fez parte de sua rotina e devoção.
Nas primeiras sextas,
já levantava mais ansioso,
e se arrumava bem mais rápido que o costume.

Ainda criança,
participava,
no mês de junho,
da coroação do Sagrado Coração de Jesus.
Ritual,
que hoje,
já nem existe mais aqui na igreja,
mas que era comum na época.

Em família, muitas vezes,
ainda cantarolava e repetia alguns versos,
que eram comum daquela sua época das coroações:
“O meu coração é só de Jesus,
a minha alegria é a Santa Cruz.”

Depois de longos anos vividos,
foram vindo as limitações físicas:
    • manifestações da velhice;
    • problemas na coluna;
    • dificuldades para andar.

Mesmo assim,
continuou recebendo em casa a comunhão da primeira sexta feira.
Elizete,
Mônica,
Kívia,
Marilene,
e demais ministros...
Juntamente com o corpo de cristo,
que aguardava ansioso,
recebia também gestos de carinho e atenção
daquelas que prestavam este sacratissimo serviço da Eucaristia.


É…

O tempo se passou…

Ao corpo já se deu o último adeus.

De Mozart,
restam agora somente as lembranças.

Momentos de partilha vividos:
sorrisos,
gestos,
palavras…

Que sua alma descanse em paz.

Agradeço a Deus,
por ter nos dado,
juntamente com minhas irmãs,
a possibilidade de viver com ele os últimos instantes de vida.

Momentos difíceis, dolorosos e inesquecíveis da partida final,
que vão ficar marcados eternamente em nossos corações.

Que Nossa Senhora,
de quem era também devoto,
o acolha em seu manto de amor,
e que ela interceda por ele junto ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.

Caminhada

Busca por Deus, através da Eucaristia. Na procura incessante pelo sagrado,  existe um coração, exposto de misérias humanas, fadado às quedas...