quarta-feira, 22 de março de 2017

Saudade

Por vários momentos, a vontade de encontrar algumas pessoas.
Desejo de estar com alguém em específico, e em situações das mais diversas: aprisionamento do coração.
Nas lembranças, a vivência com instantes sôfregos e almejantes.
A ansiedade se mistura com a consternação.
No pensamento, um desassossego sem medida.
Pelas veias, um pulso inquietante.
Através da percepção alheia e externa de outrem, a constatação de que a mente está em distantes terras.
Olhares abstratos e evasivos.
Em meio a uma mistura de sentimentos efervescentes do coração, uma torrente manifestação se explicita em dor física, sem dizer de onde vem.
E nesta angústia, a busca do remédio para sanar este desejo incontrolado: a vontade do encontro.
Devaneios geram alforria da mente.
A simples iminência do abraço já traz uma nova dimensão ao tempo.
Basta uma vaga ilusão do reencontro para gerar uma libertação efêmera e ilusória da alma, um desenlace de muitos entraves e apertos.
Neste cenário, de abstrações e pensamentos etéreos, minutos se redimensionam em horas.
Saudade...
Chama que se acende no subjetivo mundo das ideias, no universo onírico.
A muitos, este desejo lépido pode se efetivar, e o reencontro consegue remover as angústias oriundas da ausência.
Entretanto, a outros não, devido à impossibilidade física ou humana.
E aos privados desta oferenda, um drama.
Um vazio que poderia se metaforizar por noites eternas sem estrelas; primaveras sem as flores e o canto do sabiá; alvoradas sem o sol; um presente com a caixa vazia; vida sem música e poesia. Enfim, tudo que convirja a uma sensação de impotência, letargia, inércia...
Para estes desprovidos do reencontro, somente uma alternativa: o contentamento, a complacência.
A serenidade para aceitar e entender, com sabedoria, quão limitados somos perante a vida.
...
Não conseguiremos matar todas as saudades.

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