quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Degradação

Ao observar o casarão, sinais da decadência.
Numa alusão à ampulheta, boa parte dos grãos de areia já se consumiram: falta pouco.
Faz tempo que não mora mais ninguém naquela propriedade.
Estruturas, outrora edificadas, hoje mostram o consumo e desgaste sofrido pelas intempéries.
Protegidos pelo frágil telhado, novos moradores improvisados ocupam lacunas: pombos aos montes.
A movimentação pombalina inibe qualquer possibilidade de silêncio.
Andar pela casa exige cautela, o piso pode gerar alguma surpresa nos seus frágeis e apodrecidos alicerces.
No forro, gretas por todos os lados clareiam o interior da casa durante o dia, mesmo com as venezianas fechadas.
Em meio aos corredores e divisões da casa, muitos encontrariam associações com o passado memorial.
Para quem viveu ou conviveu naquela quinta, imagino que as paredes tenham muito a falar.
Neste cenário, evasão no tempo e espaço seriam algo inevitáveis, sobretudo para aqueles que outrora circulavam por lá.
Sobre o olhar externo e da imparcialidade, vejo que nas lembranças ainda há algo concreto vinculado ao passado, mesmo que mirrado e em ruínas.
Isso parece ser por pouco tempo, posto que esta materialidade logo vá se ruir
O prédio está fadado, inevitavelmente, à demolição.
Em breve, tudo se converterá em pó.
E aquele solar, que viveu por longos anos os ares da prosperidade sob a égide de um patriarca, será convertido ao vazio, ao nada.
Reminiscências só haverá nas lembranças, posto que a matéria, em todos os sentidos, pulverizou-se pela terra e dissipou-se no oceano.
Da aristocracia, somente ficaram os sobrenomes de espólio.
Sustentar padrões e valores sociais saiu caro.
A vaidade exauriu o patrimônio.
Somente herdeiros, nada de sucessor.
Ares de uma nobreza decadente ainda correm nas veias e insistem em se reafirmarem, mas perdem forças com uma realidade antagônica ao passado.

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