sábado, 15 de outubro de 2016

Esfinge

Ao longo da conversa, discursos retóricos, gritos.
Do início moderado, os tons se convertem a um patamar mais exaltado.
Na expressão facial, o encadeamento das palavras se mistura com o pranto.
O apelo emocional e a efervescência do espetáculo destoam o assunto.
Sobre o diálogo, a imposição do monólogo.
Na linguagem corporal, os sentimentalismos personificam uma autenticidade.
O despojamento de quem assume o protagonismo denota uma transparência, o que não necessariamente quer dizer a verdade.
A quem somente foi imposta a possibilidade de escutar, mediante a sobreposição do interlocutor, fica a interpretação de que a verdade está contida no derramamento das lágrimas, ou mesmo nesta manifestação patética.
A suposta fala do coração umedecida de lágrimas endossa esta persuasão.
Sensacionalismos normalmente convencem mais, sobretudo para a maioria.
Por outro lado, na mente obscura do ator, um emaranhado de possibilidades nesta perfídia.
Conhecer as subjetividades deste, mesmo que isso possa ser difícil de acontecer, pode trazer algo revelador por detrás destas muralhas.
Neste labirinto, descobertas...
Valores e crenças remodelados pelas experiências vividas.
Condicionamentos se convertem em residentes fixos ou mesmo hóspedes nestas ideias.
Um universo de abstrações está inserido nesta caixa sombria e hermética: cadeados cegos.
Neste submundo, estão os medos, inseguranças, rancores, máscaras, frustrações, autoconfiança ausente, vingança, opressões, indiferença pela opinião alheia...
E, por mais curioso e inusitado que possa parecer, existe nesta pandora um pedido de ajuda, para sair deste abismo.
Difícil saber, como parte de um enigma, a razão pela qual muitos espetáculos desnecessários são feitos, mas na mente destas pessoas deve ter sim, uma lógica para esta esfinge.

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