segunda-feira, 20 de junho de 2016

Encontros

Aos poucos os carros vão chegando...
Alguns no horário, outros tradicionalmente atrasados.
Muitos percorreram longas distâncias para chegarem.
Saudações?
Quando existem, vão para conhecidos ou mesmo gente nova.
Visitas sempre trazem algo inusitado, desde o pavão até a avestruz.
O entrosamento é facilitado se houver proatividade e abstração de muitos detalhes.
Assuntos?
Mais de coisas, mais do alheio, menos da vida.
Aos questionamentos: respostas monossilábicas, frases curtas.
A etnia é muitas vezes a mesma. Mesmo assim, cada um nas suas individualidades e nos seus ostracismos.
Para os de mais idade, o fator tempo mostra que as mudanças foram mais externas: cabelos brancos, rugas...
A exaltação da prática da virtude mostra que os fariseus ainda existem.
O ambiente, acostumado a uma realidade com menos pessoas, muda rápido com tanta gente.
Dependendo do momento que se chega, espaços já estão limitados...
Um lugar aqui, outro ali, adaptações de uns, concessões aborrecidas de outros. Enfim, todos se assentam, todos se ajeitam.
É...
Unir esse povo todo nem sempre é fácil: distâncias, compromissos pessoais, correrias da vida, ausências propositais...
Para alguns, abster-se com justificativas nada persuasivas é ainda melhor que se mostrar fisicamente presente.
Para outros, a presença é condicionada às ausências de terceiros. Neste caso, algumas confirmações somente são na última hora.
Um olhar externo e imparcial observaria, nitidamente, todas estas descrições.
Para que a aglomeração aconteça, alguns se comprometem por todos. E com o passar dos anos, a conta sobra sempre para os mesmos.
Como em todos reencontros...
Para a maioria, ele é importante, agregador, emocionante... Para outros, uma obrigação inevitável, um fardo a carregar, que se transforma numa luta com as horas, com o relógio.
No cardápio, sempre algo atrativamente gastronômico, focado muitas vezes na diversidade.
Aos pratos, uma associação de paladares com sentimentos de outrora.
Receitas de antepassados, muitas vezes de entes queridos, dão um tempero adicional. E as especialidades no fogão de alguns podem fazer a diferença.
Se a cultura musical for grande, abre-se espaço maior para a emoção, com danças, cantigas, instrumentos... E com o ambiente musical, é mais provável que fique mais harmônico, mesmo que as notas vocais sejam dissonantes, pra não dizer desafinadas.
Se o assunto ficar muito sério e tenso, dependendo do tema, o caminho da conversa corre o risco de desviar-se para rotas do passado, com uma enorme possibilidade de exaltação de desafetos, afloramento de mágoas...
No final, tem sempre os que precisam ir antes do planejado, pelo excesso de correrias, atribulações. Por outro lado, há aqueles que insistem em ficar um pouco mais, seja pelo apreço e felicidade de viver aquele momento mais intensamente, ou seja mesmo pela total falta de percepção de que já gastaram suas cotas, suas fichas.
Nas despedidas, o compromisso de que em breve, irão se reencontrar.

Nenhum comentário:

Caminhada

Busca por Deus, através da Eucaristia. Na procura incessante pelo sagrado,  existe um coração, exposto de misérias humanas, fadado às quedas...