quinta-feira, 2 de junho de 2016

Chuva


Outono terminando com prenúncios de inverno...
Folhas secas no chão e sinais que a renovação já iniciou seu processo natural.
A vida de muitas pessoas pode não mudar, mas da natureza sim. Aliás, intermitentemente. Ela segue seus ciclos, suas estações, mesmo que isso não seja rígido, tendo tido algumas ligeiras distorções climáticas nos últimos tempos.
Seguindo as características típicas desta estação no interior paulista: pouca chuva, tempo seco.
O período de colheita dos canaviais reforça as queimadas, que reduzem significativamente a umidade do ar.
Problemas respiratórios aos montes.
Ao longo do dia e ao entardecer, céu nublado.
Nuvens num tom cinzento traduzem um sinal típico da época.
A preocupação normal é com frio, não com chuva.
Porém, o inesperado para esta época.
Eis que surge a chuva, contradizendo as previsões do tempo.
Algo bem natural e correlacionado com a metáfora da vida, que mesmo planejando e se precavendo, somos surpreendidos pelo imprevisto, e pelos fatores externos que nos trazem o acaso.
A terra sedenta de água agradece, posto que nem esperasse por isso.
A intensidade suave das gotas que caem dos céus é agradecida e saudada com o início da noite.
A temperatura despencou, e o frio nos induz a hábitos estritamente caseiros: momentos para reflexão.
Nos arredores da sala, a penumbra e o jogo de luzes harmonizam o ambiente, conjugado com a insônia e regado, adicionalmente, pela cafeína.
Grãos torrados recentemente e moídos na hora exalam um cheiro genuíno e contemplativo.
Mesmo sabendo que o dia seguinte alerte para que levantemos cedo, os pensamentos que, ao longo do dia perdem espaços para as correrias, querem agora falar sobre pendências e pedem espaço para um diálogo reflexivo.
Do lado de fora, o silêncio da cidade reforça, de maneira uníssona, o ruído da natureza.
A serenata se manifesta nos ecos.
A brandura da queda insinua que o ritmo dos sons vai longe, varando a madrugada.
Lá pelas tantas, a serenata vai terminar, e no final dará seu último suspiro.
Mas o espetáculo não deve acabar, a turma do aubade já está pronta para comandar os sons até a aurora.

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