sábado, 12 de dezembro de 2015

Tempo das missivas

No mundo atual, a troca de mensagens vem de uma forma muito imediata.
As demandas atuais exigem respostas instantâneas, e o email pode não atender a esta rapidez necessária para o mundo corporativo.
Seguindo um fluxo tecnológico inevitável, o email esta, inclusive, fadado à obsolescência.
Mas, e antigamente, antes mesmo deste surto tecnológico do final dos anos 80?
Como se comunicavam as pessoas?
Eis a carta, ou missiva, conforme os lusitanos.
As gerações mais jovens nem conhecem direito isso. Não vivenciaram diretamente todo o ritual que se passava no envio e recebimento de uma mensagem.
Ao carteiro, responsável pela entrega, o transporte das notícias, dos sentimentos.
O atraso do envio, natural e típico das épocas, nem sempre trazia a notícia precisa dos acontecimentos.
O momento de escrita dos fatos, em que os sentimentos se permeavam nas letras e se convertiam no texto, criava todo um contexto lírico e sentimental. 
Depositado nas palavras, estava o coração.
Um romantismo enorme, que fazia vislumbrar no futuro como seria a reação de quem iria ler, ao receber a missiva.
Era como se o tempo e os fatos fossem parar até o recebimento da mesma. 
Havia sim, esta singela ilusão, que na prática não ocorria, posto que a vida não pára.
Muitos acontecimentos transcorriam nesses entremeios, e o coração de quem abria a carta já não tinha a realidade dos fatos, mas os relatos do passado.
E em função dessa falta de sincronismo que o rio fluía.
À chegada da mesma, vivia-se - nos instantes antecedentes de sua abertura - uma expectativa, uma emoção. Sobretudo na vida dos que tinham neste meio de comunicação o porta-voz da notícia.
Era assim, nesse ritual, que passos, embora lentos, caminhavam.
Hoje, isso pode parecer estranho com a pressa e imediatismo da sociedade, em que as demandas e entregas do trabalho são sempre pra ontem.
Acredito que, no passado, as pessoas sabiam viver e lidar melhor com o tempo, com a espera.
Embora o atraso das notícias e das informações fosse algo típico e inevitável, a vida se ajeitava melhor.
Apesar da lentidão, nada parava por conta disso.
Problemas e dificuldades existiam assim como hoje, mas em outros contextos e projeções.
Porém, havia um melhor encadeamento da vida.
Menos depressão. 
Mais felicidade, momentos para reflexão, para conversas ...
Havia, pois, mais tempo para tudo.

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