sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Mistérios e seus sinais

A todo momento, uma surpresa.
A vida está o tempo todo jogando com a gente.
Nos versos de Guimarães Rosa:
"(...) Tudo, aliás, é a ponta de um mistério, inclusive os fatos.
Ou a ausência deles (...)".
Em certas passagens, sinto como se estivéssemos constantemente sobre um tabuleiro de xadrez, jogando com um exímio profissional.
O caminho de incertezas com os passos seguintes pode se tornar desconcertante.
Nem sempre se consegue ver todas as possibilidades de dar os próximos passos, muito menos as consequências.
Diante disso o que fazer?
Em algumas situações, a ação poder ser, simplesmente, passar a vez, não fazer nada, à espera de um fator extrínseco que possa mudar, mesmo que, sutilmente, as regras do jogo.
A sabedoria dos mais antigos diz que é preciso praticar o hábito de ler os sinais dos tempos por meio dos sentidos, de forma a tentar interpretar a realidade por meio de suas nuances, entrelinhas, sutilezas...
Isso não é nada fácil.
Nas orações, na música e na literatura, esse pensamento está, de alguma forma, traduzido em canções, versos...
Ao se invocar os sete dons do Espírito Santo, esta temática se mostra presente, ao pedir o Dom da Ciência, Sabedoria...
Na Bíblia, o livro de Mateus retrata isso por meio da famosa "Parábola da Videira", recomendando a leitura do que se aproxima por meio dos sinais.
Na música "Tocando em Frente", de Almir Sater, aborda se isso no verso: "(...) penso que cumprir a vida seja simplesmente conhecer a marcha (...)".
Exemplos não faltam para traduzir estas ideias, independentemente do período em que foi pensado e verbalizado.
Por mais que seja importante tentar decifrar os momentos e situações, é preciso compreender que isso é algo inerente de nossa existência. Não teremos, pois, resposta para tudo. Aliás, o próprio ato de nascemos e o dia exato que morreremos já é um mistério.
Por sermos humanos, somos sim limitados, não somos oniscientes... onipresentes...
Diante disso, o inevitável mistério da vida continua.
Somente posso extrair uma certeza: a de que nem sempre será possível ver a "Terceira Margem do Rio", de Guimarães Rosa.

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