terça-feira, 15 de setembro de 2015

De volta à remota casa velha

Voltando ao sossego...
Nas paredes, retratos diversos que evocam histórias da família e conhecidos que, esporadicamente, circundavam naquele cenário.
Histórias boas que não voltam mais.
Momentos de grande felicidade e alegria, regados como uma grande dose de simplicidade.
A serpentina não existe mais.
Por várias décadas, era lá que se esquentava a água do chuveiro.
O enorme trabalho de preparo da lenha não é mais necessário.
Já não há mais força física para tanto esforço.
O café já não sai do fogão tão cedo. E, às vezes, nem sai.
O canto do galo da madrugada já não é mais o despertador.
Não é mais preciso levantar tão cedo.
A correria de outrora dá, agora, lugar aos passos mais lentos.
As longas conversas se convertem ao silêncio.
Cada vez mais se escutam os ecos de passos quase solitários pela casa, bem como dos sons da natureza.
O tempo levou não somente os anos, mas as forças físicas e, principalmente, uma pessoa muito querida, minha avó.
Mesmo depois de quase 10 anos, as paredes traduzem a ideia de que ela ainda está ali, com sua ternura e sabedoria.
O grande silêncio convida e evoca um diálogo com o tempo, com as fotos, com as paredes.
Com força e longevidade, há quase um século, meu avô passando os dias neste cenário...
Por longos anos, a mesa da cozinha ou o sofá da sala estiveram à disposição para uma boa conversa.
A calorosa receptividade sempre tornavam as idas convidativas.
Muitos parentes distantes sempre o visitaram com este simples e nobre propósito.
Longo acesso por estrada de terra, fadado às constantes intempéries, com este singelo objetivo: o encontro.
Filhos? Muitos e espalhados.
Uns próximos, outros um pouco distantes. Mas sempre presentes.
Normalmente, para as visitas de beija-flor, o recomendado é que fossem de papagaio.
A casa grande ficou ainda maior com poucas pessoas.
Por mais que não faltem as visitas, há presença da solidão.
Nas ruas, um mínimo avanço de desenvolvimento com as ruas calçadas.
Passeios de charrete ou a cavalo, no improviso, convidam sempre à cachoeira, resistente à modernidade.
O contexto evoca, inevitavelmente, ares de saudosismo.
No quintal, um imenso terreno de surpresas.
Diversidade de flora e fauna...
Com um barquinho rústico no fundo sempre disponível ao passeio pelo rio até o remanso.
Em poucos lugares, o sossego e tranquilidade se mostram tão presentes.
Neste oásis, a velocidade não faz muita questão em acelerar.
A pressa dá lugar à serenidade, e a tecnologia também não insiste muito em chegar por lá.
Voltar lá... Sempre valerá a pena...

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