domingo, 8 de outubro de 2023

Caminhada

Busca por Deus,

através da Eucaristia.


Na procura incessante pelo sagrado, 

existe um coração,

exposto de misérias humanas,

fadado às quedas do cotidiano, 

e insistente em se levantar ao longo da longa travessia.


Ao longo deste processo, 

uma persistente súplica pela misericórdia divina, 

e pelos dons infusos.


Na bagagem, 

um pesado fardo segue como acampanhante.

E consigo, 

um aglutinado de limitações,

mágoas,

vícios,

pecados, 

soberba. 


Pensamentos, 

palavras,

ações, 

omissões: 

São tantos defeitos e mazelas que,

muitas vezes, 

nem se tem consciência de quão miseráveis somos diante do Pai.



Nesta criatura, 

irradiada de diferentes impurezas, 

recebemos o Pão Vivo que desce dos céus.


Ainda que não estejamos plenamente prontos, 

é neste ambiente, 

muitas vezes sem o devido acolhimento de nossa parte, 

que ELE nos toca e SE irradia por todo nosso SER.


E neste momento, 

o céu se abre:

problemas, 

dores,

preocupações:

tudo se esvai, 

tudo desaparece.


Vive-se a verdadeira alforria da alma.   


 


sábado, 12 de agosto de 2023

Dia dos pais

Dia dos pais:

Importante momento, 

marcado por antíteses e paradoxos: alegrias, tristezas, reflexões, vazios.


Na presença dos integrantes, 

a dor e memorização de ausências que, 

por motivos de força maior, 

jamais poderiam estar fisicamente presentes.


Ainda que se usasse dos mais variados recursos, 

este vazio da ausência jamais poderia ser preenchido.


Não há nenhum elemento para a comunicação:

telégrafo, telefone, video chamadas, cartas, desenhos, recados: nada.


A espera de uma voz, 

eco ou ruído,

no qual o distante se manifeste,

não traz nenhuma resposta.

O que se obtém somente é a frustrada voz do silêncio.


Não há sequer um sopro de vida que nos traga, 

nos momentos de lembranças, um ente que já se foi.


No coração, um esforço enorme para compor as peças 

do quebra-cabeças da vida.


O desfecho deste desenho final sempre será incompleto.


No tabuleiro incompleto, a exposição de quão limitada é a vida.


Tal como num soneto, 

fica a sensação limitante de não se chegar ao ponto final, 

posto que desapareçam as palavras, 

que iriam compor os últimos versos.


E num extremo paradoxo, 

fica uma sensação de conclusão de algo, 

ainda que não se tenha conseguido finalizar a semântica da mensagem.


quarta-feira, 28 de junho de 2023

O tempo e o vento

Visões do tempo...


Tempo, 

aquele que voa, que passa, que nos atropela com fatos do cotidiano, 

que muitas vezes acalma, 

e que, 

inesperadamente, 

muda o ritmo da vida.


Vento, 

aquele que se move por si, 

orientado pelos mistérios e direcionamentos do tempo, 

e que nos leva brandamente,

ou nos empurra, 

a caminhos não sonhados.


Vivemos nesta intermitência, 

nesta sincronia dinâmica, 

em que muitos fatos,

bons e ruins, 

ocorrem paralelamente.

Às vezes, 

uma calmaria e mansidão dos dias, 

em noutras, 

defrontamo-nos com a inexorável tormenta, 

com a balbúrdia.


Todavia, 

um dia, tudo isso passa.

Arrastados ou não por este movimento da vida, 

em um certo e misterioso dia, 

tudo vai se consumar.


Vaidades, alegrias, 

decepções, afrontos, dinheiro:

tudo se decompõe pelos caminhos dos ventos.


E o que sobra?

No final, 

fica o silêncio dos uivos,

a cristalização e paralização dos nossos movimentos, 

dos nossos instantes.

E de espólio, deixamos somente o pó.


Ainda que se mantenham os registros dos ponteiros do relógio da vida, 

o tempo e vento já não correrá mais para nós.

Ela (a vida) é que continua girando,

mas nós, 

somos simplesmente retirados deste grande teatro da realidade.

E tudo dentro de um fluxo natural.


Estamos fadados ao ostracismo.

O que nos restam, 

depois de nossa ida, 

podem ser algumas reminiscências que, 

quiçá, 

possamos ter deixado(temporária ou vagamente),

nos corações dos mais próximos aos quais, 

porventura,

algum dia tenhamos sido presentes ( o bastante ),

para gravarmos algo relevante em suas memórias e em seus corações.


Tudo se esvai: aqui não é uma casa, 

mas o processo de uma longa caminhada.



sexta-feira, 9 de junho de 2023

Procuras

No vazio das ausências,

um espaço pela busca, 

em algum lugar, 

de onde vocês possam estar.


São tentativas,

de variadas formas, 

em busca de alguma alternativa.


Haveria algum local, 

ainda que nos sonhos, 

que pudéssemos nos encontrar?


Teria algo, 

que nas minhas limitações humanas, 

eu pudesse fazer para chegar até vocês?


No coração, 

somente ficaram curtas e dolorosas reminiscências.


Canções, 

sonetos, 

orações.


Adágio, 

Caruso, 

Noturno,

Ave-Maria...


Que tipo de encontro poderia haver?

Abraços, 

sorrisos, 

gesticulações, 

afetos...


Acesa permanecerá a chama da esperança, 

pois o amor,

assim com as chamas, 

jamais devanecerá.

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Recuerdos

 Nas memórias, 

detalhes variados permitem o reavivamento de muitos percalços vividos.

Nas evasões do tempo e do espaço,

o retorno ao presente de momentos tortuosos de situações misteriosas cuja explicação vai além das ações humanas.

É o milagre, 

é a intervenção divina, 

que conduz-nos por meandros  jamais imaginados.

Interessante que, 

quando não se consegue caminhar, 

Deus nos empurra.

Citações

Na intermitência da vida: 

Passos e passeios;

caminhadas;

corridas;

jornada;

paradas;

atropelos.


Divagações...


E no labirinto dos dias:

Pegadas;

auxílios; 

milagres; 

abandonos; 

decepções;

surpresas;

traições;

alegrias.

terça-feira, 24 de março de 2020

Incertezas

A vida está por um fio.
Ainda que exista um fluxo ligeiramente estável dentro de conjunto de conflitos, muitas vezes parece que as coisas vão se prosseguir, e se abrirem ao novo.
Acontece que há um momento em que tudo para, em que todas as portas se fecham, e muitas vezes não há um caminho a seguir.
Ainda que sejam dadas algumas probabilidades incertas pelos homens, tudo pode se desmoronar.
Tudo passa, e pode se evaporar num piscar de olhos.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Epílogo - Paraiso


Despedida

Naara, Lili e Gabi,


Convivência
Hoje, encerra-se um ciclo de nossas vidas...
Ao longo destes anos,
muito tempo passados juntinhos:
beijos,
abraços,
brincadeiras,
alegrias estampadas em sorrisos sinceros.
Lágrimas,
também inevitáveis,
compartilhadas e,
muitas vezes,
responsáveis por salgar sorrisos.

Tempo – Aprendizado
Ainda que somente um pouquinho,
já envelhecemos:
não somos mais os bebezinhos que,
um dia,
aqui chegamos.
Aprendemos muito com vocês.
Em cada um de nós,
sinais notáveis de desenvolvimento.
Cada um,
na sua velocidade, no seu jeitinho, teve seu avanço.
É...
Logo logo,
muitos dentinhos vão se renovar.
Daqui a pouco,
muitos já estarão lendo,
quiçá, fazendo poemas, poesias...
 
Futuro
Adiante,
temos novos caminhos,
cheios de desafios,
descobertas,
aprendizados.

Imaturidade
Talvez ainda desconheçamos,
plenamente,
quão tortuosos e desafiadores seja a jornada da vida.
Mas,
neste sentido,
ainda não há muita preocupação:
isso é coisa de adulto.

Momentos finais
Tempo, tempo, tempo...
Instantes que não conseguimos segurar...
Assim como numa ampulheta,
as partículas restantes consomem os últimos momentos que,
juntos,
partilhamos na Paraíso.
Em cada grãozinho,
a metáfora de um ciclo que está por terminar.
Ciclo este regado de alegrias,
brincadeiras,
gargalhadas,
amizades,
descobertas,
lágrimas,
lamentos.

Impulso
Em cada um de nossos corações,
e na pureza de cada criança,
correm a imaginação e euforia pelo novo.
impulsionados pelos sonhos,
movidos pela força dos ventos.
Há um grande desejo de voar,
de buscar novos caminhos,
assim como as aves,
mirando no infinito dos céus.

Lembranças
Acreditamos que,
por longo tempo,
o despertar das manhãs nos remeterá às idas à Paraiso,
sempre repleto de calorosos abraços de acolhida.
E,
em muitas circunstâncias,
num simples piscar de olhos,
voltaremos ao passado,
buscando,
no baú de memórias,
momentos vividos juntos,
regado de brincadeiras e gargalhadas.

Desfecho
Aqui,
somente se encerram as aulas,
não nossos relacionamentos.
Nestes versos,
somente residem um até breve,
não um adeus.
Que possamos nos reencontrar,
não somente nos sonhos e lembranças,
mas pelos corredores da vida.
Muito obrigado a vocês por tudo.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Formatura Isabela


##Apresentação:
Primeiramente, boa noite a todos, gostaria de agradecer a oportunidade de prestar esta homenagem.
Momentos de jogar nas palavras e nos versos, sentimentos vividos aqui.
Compartilho aqui experiências, relatos e observações de um pai, que ao longo destes quase 6 anos viveu intensamente a vida escolar da filha em conjunto com a Escola Paraíso.
Nós, particularmente, participamos de tudo o que foi possível.
Ao longo de todos esses anos, convivemos com muitas pessoas, vimos muitos coleguinhas crescerem juntos.
Por quase 6 anos, esta escola se fez presente no nosso cotidiano:
Despedidas diárias da manhã, reencontros ao entardecer;
Sorrisos, lágrimas, sustos;
Férias, Feriados;
Eventos: Festa Junina, Capoeira, Dia dos Pais, das Mães, Balé, Teatro.
Preocupações diversas com: compras de materiais, lembrancinhas, sugestões, mudanças de sede, de professores, recados, remédios, anotações;
Aniversários dos coleguinhas;
Semanas educativas…

##Início da vida escolar
No início, 4 meses de idade. Hoje, 6 anos.
Já se faz aqui uma longa história.
Os primeiros passos da vida dela foram, na verdade, carregados pelos nossos, posto que nossa princesa nem andava, nem engatinhava ainda.
É, chegou muito novinha na Paraíso.

##Escolhas (lá no início)
Naquele momento, havia uma tarefa difícil, uma vez que ela era recém-nascida.
Tivemos que escolher o local para colocar nossa filha.
Ali, naquela fase, acredito ter sido o segundo cordão umbilical que se cortava.
Tratava-se do primeiro desafio da vida dela: o da primeira saída de casa e ida para o local das primeiras interações sociais.
E naquele contexto, haviam incertezas, receios, inseguranças:
Em quem confiaríamos os passos da educação de nossa filha?
Adaptações, logística, proximidade do trabalho, confiança, referências.
Visitas em várias escolas, locais, conversas e opiniões com outros pais...
Queríamos um local que nos desse a tranquilidade para trabalharmos, e que coubesse também nos custos possíveis, dentro de nossas possibilidades.
##Na sequência, vem adaptações com o início
Eis que começam as vindas à escola,
Mudança considerável em nossas rotinas.
E naquele comecinho, adaptações ao local...
Ambientação à escola, às pessoas...
Dificuldades afetivas de deixar nossa filha por situações diversas: chorando, com febre, com frio, remédios.
Recados aos montes deixados no livro de anotações, e posteriormente no aplicativo.
Atenções com o tempo e vestuário: calor, vento, chuva, posto que a roupinha devesse estar adequada.
Meteorologia misturada com sentimento.

##Escola Paraíso:
Na organização dos funcionários, a escolha adequada de professores em cada uma das fases dos pequeninos.
Percebe-se que existe uma tarefa criteriosa e responsável.
Nas reuniões de feedback, a apresentação detalhada dos trabalhos das crianças.
Incentivo ao envolvimento dos pais a participarem de atividades com a escola.

##Percepções/acolhidas:
Sentimos verdadeiro acolhimento de nossa filha, respeito e muito amores dedicados a ela e aos demais coleguinhas.
Em muitos casos, o amor, sentimento tão subjetivo, eu consegui ver materializado e refletido em ações dos mesmos.
Lembro de várias idas ao final do dia em que, minha filha, pedia para ficar mais um pouco na escola.
Em outras ocasiões, após um longo feriado, por exemplo, ela manifestava um grande sentimento de saudade, ansiedade pelo retorno.

##Aprendizado pessoal
Ao verificar no desempenho de cada uma delas, era possível a identificação e respeito pelas individualidades.
Cada um no seu ritmo, do seu jeitinho.
Uns iniciando os primeiros passos, outros ainda não.
Em outros momentos, alguns já falando, outros ainda não.
Nas várias apresentações dos trabalhos pedagógicos, a percepção da evolução das crianças, concomitante ao exercício das liberdades criativas de cada um dos pequeninos.
Aprendizado este que podia ser traduzido na forma de dança, artes, música, artesanato...
E naquele contexto, desde o início, fui aprendendo a respeitar o tempo da minha filha.
Creio que boa parte da formação, influência e conhecimento que as crianças obtiveram aqui, nesta escola, serão determinantes nas decisões futuras que eles venham a passar, ainda que isso se manifeste subjetivamente.
Hoje, no final desta jornada, vejo que o aprendizado e evolução não foi somente deles, mas de todos nós, os pais.
E a sensação atual é que ela superou todos as minhas expectativas.

##Partilha
A escola também foi local de compartilhamento de dramas, tristezas, incertezas, algumas despedidas, alegrias entre os pais.
Por ligação entre os filhos, nasceram também grandes amizades.
Nesta abertura com os demais casais, a percepção de que estamos nesta mesma caminhada.
Em cada família, sentimentos que, em suas essências, traduzem a mesma preocupação, que é o direcionamento e educação dos filhos.

##Agradecimento
Agradecemos a Deus, a todos vocês funcionários (serviços gerais, administração e equipe pedagógica), às famílias, aos amigos e aos coleguinhas.
Fica aqui, assim então, um sentimento de gratidão.

Encerro aqui com um sentimento de saudade.
Saudade de uma fase da vida das nossas crianças, marcada pela pureza, sem as máscaras do teatro da vida.
Saudade de momentos, de pessoas…

As riquezas que levaremos, aliás, são imateriais, intangíveis: não tem preço.

Gostaria de parar o tempo, ou mesmo diminuir um pouco esta velocidade do passar dos dias, mas não tenho este poder.
E ainda que segurasse os ponteiros do relógio, os instantes continuariam a se consumir.

Obrigado por todo carinho, paciência, dedicação, profissionalismo.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Reminiscências

No interior da casa,
silêncios.

Nos fundos,
a natureza emite sons variados:
pássaros, cigarras, corredeiras.

No rio que se passa ao fundo,
levam-se não somente as águas.
Pelas corredeiras abaixo,
carregam-se também os dias.

Ecos,
quando ousam fazer algum ruído,
somente do exterior.

Quantos mais quartos,
salas e espaços,
maior a exaltação do vazio.

Concomitante à partida,
a convivência com a saudade.

Em espaços e lugares outrora ocupados,
agora ficaram lacunas, hiatos.

No coração,
o âmago ecoa um profundo sentimento de saudade de quem um dia ali passou.
Saudade que se manifesta numa profunda nostalgia que,
ainda que imensa,
fica contida em lágrimas secas, desidratadas.

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Decisões

Escolhas sem critério,
caminhos errados,
travessias tortuosas.

Trechos inexoráveis percorridos,
mediante decisões afoitas.

No coração,
o andar por caminhos que não se queria andar.

Na fronteira das muitas escolhas,
uma percepção:
que os longos e tortuosos caminhos ficam atrás das montanhas,
distantes do horizonte do olhar humano.

Mosaico


Aos ouvidos e olhares alheios,
uma apatia humana já esperada.

Na sinestesia das convulsões,
quem mais se destaca é a cegueira externa.

Dificilmente,
batidas de um coração ecoam a terceiros.

Na rara empatia,
e quando existente,
uma percepção de quão esfacelado está um coração.

Sentimentos decompostos,
fadados aos cacos, aos destroços.

Peças fragmentadas no tabuleiro da vida.

Na necessidade de prosseguir,
pegadas descontinuadas vão se arrastando pela estrada.
Em muitos passos,
a condução dos caminhos se dá pelo empurrão dos ventos,
posto que as pernas estejam fatigadas.

No coração dissonante,
uma tentativa inusitada de agrupar o que restou.

Desejos de recomposição,
de recolhimento de algumas sobras,
em detrimento a outras irrecuperáveis.

E no emaranhado dos cacos,
nasce um mosaico.

Catando destroços,
e mesclando-se com materiais distintos dos originais, 
a arte tenta recuperar um coração,
dando uma nova perspectiva de vida.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Conversas


Depois de um longo tempo,
aqui estou.
Nas palavras, a possibilidade de materialização da dor.

Ainda que nossos contatos tenham sido limitados,
ao longo de 7 meses,
e pautados de nostalgia,
as lembranças de nossa convivência serão eternas.

No meu coração, sempre ficarão guardadas as últimas batidas dos teus.

Planos, sonhos, brincadeiras...
Quis Deus que este momento ficasse para uma outra oportunidade.

Hoje, trago-vos as gérberas.
As mesmas flores que,
um dia,
a mãe de vocês me deste.
Em cada uma das pétalas,
transcendendo a lógica deste mundo,
exalto a sublime possibilidade de tornar,
presentes aqui, a visita delas:
mamãe e a Isabela(que muito vos ama, mesmo não vos tendo conhecido).

Neste âmago despedaçado, ainda há sonhos:
Que um dia possamos, quiçá, compormos o grande quinteto.
E quem sabe lá,
no mundo da abstração,
poderíamos reparar as últimas notas musicais,
dando harmonia aos ecos de vida que,
nas últimas vibrações,
estiveram dissonantes.

Encontros nossos continuarão para sempre,
sejam nas orações, nos sonhos, nas constantes evasões do cotidiano...

Manteremos eternas saudades.

Sobre nossas corridas, acampamentos, viagens, futebol...
Talvez um dia a gente consiga acertar isso.

sábado, 16 de março de 2019

Avaliações

Nomes...
Influências decorrentes de familiares...
Origens...
Acontecimentos passados...

Pelos olhos de um observador
a análise focada na frivolidade.

Esteriótipos antecipam a avaliação de um terceiro.

Nas rotulações,
o grande suporte ao veredito da vida.

Análises eivadas no olhar da frivolidade proferem a sentença dos outros.

(Pre)conceitos por si só auxiliam nas conclusões dos fatos.

Comodidade, desinteresse, conveniência...

Assim flui o rio da vida: julgamentos quase sempre errados!

Quanta ignorância...
Ninguém conhece ninguém...

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Interlocução

Pudesse eu te encontrar de novo,
ligar novamente nas madrugadas,
falar de futilidades,
extrair gargalhadas evasivas pelo tardar da noite,
ou mesmo para preencher tuas insônias.


Saberia eu,
que teus ouvidos me escutariam,
e, com braços abertos,
ainda que remotos, receber-me-ia.


Gostaria eu,
como outrora,
poder vagar contigo pelas ruas,
adentrando em estradas que não conhecia,
passeando em incontáveis locais de afinidade recíproca.


Ademais,
sentarmos à mesa,
degustarmos novos sabores,
visitar bares, padarias...


Vagarmos ao vento,
papear tolices,
ouvir histórias banais,
por mais que muitas delas já fossem repetidas.


Desejaria eu,
escutar-te os cantos,
concomitantes aos prantos.


Felicitar-me-ia em ouvir contigo,
repetidamente,
muitos clássicos: bolero, tango, samba canção.


Reviver a tua bohemia,
diante dos descritos, dos contos...
E regada à magia de um tempo que não volta mais.


Almejaria poder pedir-te ajuda,
com a premissa de que,
mesmo com tuas limitações,
e sem entender direito as demandas,
prontificar-se-ia em ajudar.


Queria eu mostrar-te os netos que,
emudecidamente,
verbalizaste este desejo:
acolhedoramente os receberia.


Ademais,
gostaria de falar-te das sementes,
aquelas que,
inconscientemente,
plantaste.
Comunicar-te-ia...
Que muitas delas germiram,
edificaram e floresceram,
conquanto não tenha visto.


Saudosismos...
Nostalgias e afins...


É...
As cores com que pintaste o quadro de tua vida deixarão eternas lembranças,
não somente as de tonicidades cinzentas.
E esta moldura ficará delineando,
eternamente, as bordas do meu coração.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

O banquete

Planejamentos da vida...

Percorrem-se longas estradas,
desviam-se de muitas pedras,
carregam-se fardos...

Abstém-se de muitos momentos,
pensando-se na melhoria das condições de vida.

Realizam-se sacrifícios para a família...

Após um tempo,
colheitas.

O tempo passa,
e o suor,
concomitante à semeadura,
muitas vezes,
materializa-se positivamente.

Chega a hora da celebração,
do agradecimento das flores germinadas,
dos frutos produzidos...

Momento de divagações, agradecimentos.

Contexto para verbalização de quão importante é o esforço,
e quão imprescindível é a semeadura.

Na composição da ceia,
ausências lamentáveis.

Protagonistas e,
por hora,
coadjuvantes,
em toda esta trajetória,
ficaram pelo caminho.

Pessoas dignas que seriam de sentar-se à mesa já partiram....

Dramas da vida: vamos preparando o grande banquete ao longo dos anos,
sem,
necessariamente,
sabermos se estaremos presente na grande celebração.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Futuro

Futuro...

Chama que se consome de esperança,
que nos convida e estimula a prosseguir,
a dar o próximo passo,
em trajetórias muitas vezes incertas,
rumo a locais inóspitos e inimagináveis.

No âmago,
um impulso a acreditar no acaso,
a crença em vislumbrar ser possível usufruir do inusitado,
e na abertura de novos horizontes,

No coração de um pai, 
coragem e enfrentamento com a realidade,
ainda que algumas portas venham a se fechar.

E uma certeza:
a de que os passos,
mais significativos da vida,
não são dados sobre caminhos convencionais,
mas sobre as águas, sobre as nuvens.

domingo, 30 de setembro de 2018

Notações do Tempo


Sob a copa da cerejeira,
no terno gesto de apreciação, 
desfolham-se pétalas.

Num curto intervalo de dias,
a sinalização do início da primavera.

Festival do Hanami...

Na queda,
uma simbologia,
muito além de um ciclo da natureza.

Sinais de quão breve é a vida,
quão únicos e passageiros são os momentos.

Ainda que flores exaltem sua beleza,
e mesmo que elas tenham se embebedado das gotas do orvalho,
elas se mostram não serem eternas.

Em cada uma,
das incontáveis pétalas que caem,
instantes de vida,
agrupados no magestoso tapete formado debaixo da copa,
sinalizam o tempo que se consome,
nas partículas que vão se levando.
É o fim de um ciclo.

Para as que não são infecundas,
o legado,
a continuidade.

É...
Os olhos veem a partida...
E nos ouvidos,
Sinestesicamente,
uma sensação sonora se traduz num réquiem,
no belo e final ciclo da sakura.

Em tudo isso,
reviravoltas e dinamicidade da vida.
Chegas e partidas rolando...
Concomitantemente... e no mesmo evento.

Simbologias da brevidade:
Depois de muito trabalho,
e após a colheita dos frutos,
preparamos a mesa, o banquete,
e,
de repente,
a vida nos leva antes da ceia.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Rebuliço


Na avidez, na afobação,
a impossibilidade de conhecer os detalhes.

A correria não sabe onde residem as sutilezas.

Ao leitor afoito,
uma dificuldade de interpretar entrelinhas.

Através do giro acelerado do relógio,
o ofuscamento dos sentidos.

Sinestesias acobertadas.

Na alimentação,
a voracidade,
que compromete a degustação.

Sabores, temperos, especiarias:
apreciação comprometida.

Diante das avaliações,
a afoiteza gera vereditos superficiais,
na maioria injustos.

Nos diálogos,
a impaciência para ouvir,
e de tentar entender o outro.

Ao viajar,
o afã de somente chegar.
A irrelevância com a trajetória,
e somente com o destino.

Pra que tudo isso?

sábado, 25 de agosto de 2018

Infortúnios

Pelos arredores,
embaraços, 
resistências, 
vicissitudes.

Dificuldades de leitura e tradução do texto da vida,
camuflado nas entrelinhas.

Limitações humanas na tomada de decisões.

No cotidiano,
a necessidade de reger a orquestra da vida,
fadada a músicos e instrumentos dissonantes.

Pelos meandros dos acontecimentos,
a demanda por trajetos contra a correnteza.

E uma necessidade contínua de aprimoramento de habilidades subjetivas.

No coração,
a busca contínua pelo equilíbrio,
e a coragem de sempre prosseguir,
neste universo de incertezas e instabilidades.

Entre rabiscos e anotações


Muitas vezes, a matéria prima para a escrita são os acontecimentos da vida.

Fatos e pensamentos que nos acompanham ao longo do cotidiano.

Sentimentos, relatos, angústias, alegrias, surpresas:
uma plena convergência de fatores,
capazes de se misturarem.

Alojam-se na mente e,
aos poucos,
vão se externando pelos manuscritos,
sobretudo naqueles que se envolvem com as palavras.

Na tentativa de buscar um nexo entre fatos,
a possibilidade de mesclar letras com pensamentos.

Aspira-se pelo preenchimento de vazios,
neste contínuo exercício de divagação de ideias.

No emaranhado de conjecturas e interpretações multifacetadas,
a descoberta,
muitas vezes surpreendente e inesperada,
de pontes ao longo da vida.
Elos, conexões...
Uma junção capaz de dar sentido a pensamentos que,
a princípio,
denotavam completa divergência entre si.

Caminho das palavras...

No labirinto de aliterações e fonéticas,
refinamentos vão delineando uma semântica,
criando algo que dê coerência a quem escreve.

Rabiscos, anotações...
Versos chegam e,
de repente,
muitos deles precisam desaparecer,
posto que perdem sentido na obra inacabada,
e que está vulnerável a constantes lapidações.

Na prática deste ofício,
a possibilidade de diálogos consigo mesmo.
Um pleno exercício de liberdade,
num universo cujos protagonistas são vogais e consoantes.

E pelos rascunhos, citações, aforismos, 
uma uma certeza: a de que não se caminha só.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Abstrações, pensamentos, impossibilidades


No retrovisor interno,
um olhar desconcertante.

No movimento da estrada,
olhos se desvirtuam,
de forma ocasional,
para minha princesinha.

Sentada numa singela cadeirinha,
que emocionalmente elucida um trono,
sinto-me maravilhado com seu olhar...

Pureza, simplicidade, inocência, amor sem medida...

E na dinâmica do carro,
ainda que na lentidão dos caminhos percorridos,
e mesmo que na forma de segundos,
tudo vai ficando para trás:
imagens, momentos, lugares, infância.

Sensações...
Quão rápida se consume a vida !
Em pouco tempo, quiçá serei eu o conduzido.

No pensamento,
um coração com a ingênua vontade transcendente,
a de abraçá-la firme nos braços,
como se pudesse parar as horas,
ou congelar os instantes.

Ao relógio, eu o desligaria.
Quanto à ampulheta,  esvaziaria-lhe os grãos.
E ao momento, eternizá-lo-ia.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Caminhos


Um simples coração,
de terras distantes veio andando pela estrada.
Pelo trajeto,
um destino indefinido.
Conduzido levemente pela brisa das manhãs,
outras vezes acelerado pelas ventanias.
Na quietude,
a impessoalidade de um andarilho.
Por ora,
arrastado pela correnteza das chuvas,
sujeito à indiferença dos olhares.
Por vezes,
conduzido à irrelevância alheia.
Fadado à vulnerabilidade de uma folha seca,
levada aleatoriamente no espaço.
(...)
Por obra do acaso,
movimentos de brandura,
tal como um rio passando pelo remanso.
E no inusitado,
a vida floresce sobre as cinzas.
(...)
É...
Viver é isso...
A cada momento,
algo de novo, de surpreendente, de incerteza...

Caminhada

Busca por Deus, através da Eucaristia. Na procura incessante pelo sagrado,  existe um coração, exposto de misérias humanas, fadado às quedas...